O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, analisa a possibilidade de adotar sanções adicionais contra a “frota paralela” de petroleiros da Rússia se o presidente do país, Vladimir Putin, não concordar com uma trégua na Ucrânia até sexta-feira.
Incluir navios dessa frota na lista proibida marcaria a primeira imposição de sanções dos EUA contra Moscou desde que Trump voltou à Casa Branca, em janeiro.
A Rússia tem usado uma frota paralela de petroleiros, formada em grande parte por navios mais antiquados, para transportar petróleo ao redor do mundo, em uma tentativa de escapar das restrições impostas pelo Ocidente depois que Moscou invadiu a Ucrânia, em 2022. Os lucros obtidos com essas exportações de petróleo têm ajudado a financiar a guerra.
A expressão “frota paralela” é uma alusão ao fato de que se tratam de navios de propriedade não informada, que evitam usar serviços de empresas ocidentais.
Aplicar sanções contra seus proprietários é difícil, embora medidas contra os próprios navios tenham se mostrado eficazes recentemente. Duas fontes familiarizadas com as deliberações da Casa Branca disseram que a adoção de sanções adicionais dos EUA contra a frota paralela foi considerada como um primeiro passo fácil para impor punições à Rússia. Uma terceira fonte próxima ao governo afirmou que ele estudava uma gama de opções, e impor sanções à frota era uma delas.
O governo anterior, do ex-presidente Joe Biden, incluiu na lista de sanções 213 navios-tanque de petróleo, derivados e produtos químicos. Trump vinha adiando a imposição de novas sanções à Rússia, em uma iniciativa para tentar garantir um acordo negociado que encerre a guerra na Ucrânia.
Mas ele está cada vez mais frustrado com a recusa de Putin em acertar um cessar-fogo e deu ao líder russo um ultimato: ou muda de posição até sexta-feira, ou terá sanções mais duras pela frente.
Novas punições americanas reforçariam as medidas tomadas recentemente pela União Europeia (UE) contra a frota, na avaliação de Kevin Book, diretor administrativo de pesquisa da ClearView Energy Partners. O bloco impôs sanções contra mais de 100 navios no mês passado, o que eleva o total para 415 navios.
Pelos termos do regime de sanções, empresas ligadas ao Ocidente estão proibidas de comprar petróleo transportado por via marítima que custe mais do que o teto de preço fixado pelo Grupo dos Sete (G7, que inclui as maiores economias capitalistas) de US$ 60 por barril. A frota paralela tem permitido que a Rússia faça remessas de petróleo a preços acima desse teto - principalmente para a China e a Índia.
Amy Mackinnon e Chris Cook – Financial Times